Memória Olfativa, Acomodação Olfativa e o que isso tem haver com perfume?

Quando um aroma desconhecido é percebido, o cérebro registra essa impressão e a armazena na memória. Então, surge a pergunta: por que temos mais afinidades com alguns perfumes? 

Ao se deparar novamente com o aroma, encontra-se o vestígio da primeira impressão e o seu contexto.  

Enquanto as informações captadas pelos outros sentidos desaparecem rapidamente da memória, aquele aroma permanece em seu cérebro por toda a vida. 

Mas como um perfume pode despertar nosso cérebro e nos lembrar do passado? Quando inspiramos, as moléculas do cheiro penetram em nossas narinas. Elas são coletadas por nossos sensores internos chamados neurônios olfativos.  

Eles são então passados para a parte do nosso cérebro que interpreta os cheiros: o bulbo olfatório.  

A informação é então enviada para as áreas de nossa massa cinzenta envolvidas na percepção sensorial, memória e emoções. O caminho pode parecer longo, mas, na verdade, a conexão é muito direta. 

O bulbo olfatório está localizado próximo ao hipocampo, a parte do cérebro que cria e fixa as memórias. Representa uma verdadeira biblioteca olfativa baseada em nossas experiências anteriores.  

A memória olfativa é a mais antiga de nossas percepções sensoriais. Na verdade, nosso olfato pode reconhecer e analisar cheiros desde a mais tenra idade.  

E mesmo se você acredite que tenha esquecido, seu cérebro está sempre pronto para lembrá-lo! Isso ajuda a explicar, em parte, por que temos mais afinidades com alguns perfumes. 

O que é memória olfativa? 

Como dito, os aromas ficam retidos em nossa memória graças à conexão com o hipocampo, que está localizado perto da amígdala. 

No entanto, por trás dele esconde-se o âmago de nossa sensibilidade, porque é a parte do cérebro que armazena todas as nossas emoções.  

As emoções, sejam positivas ou negativas, são, portanto, uma parte essencial da nossa percepção de um perfume.  

Nesse sentido, as emoções reforçam a memorização para criar memórias que ficam gravadas em nossas mentes. A memória olfativa é, nesse contexto, aquela que está mais intimamente relacionada às nossas emoções. 

Em nosso cérebro, um cheiro está, desse modo, ligado a uma associação de ideias. Ou o contexto daquela primeira impressão e as emoções sentidas naquele momento.  

Sendo assim, as combinações de notas é um trabalho para o perfumista que assume um verdadeiro simbolismo, pois o perfume é, de certa forma, uma criação subjetiva.  

Cada pessoa tem que torná-lo seu à sua maneira, especialmente graças à sua memória olfativa e às experiências que a acompanham. 

Pulverizar o seu perfume é, como resultado, uma forma de regressar a memórias em total privacidade. Portanto, pode-se entender por que temos mais afinidades com alguns perfumes. 

Um perfume pode nos surpreender  e nos fazer lembrar de uma situação, lugar ou pessoa.  

O que é acomodação olfativa? 

Os aromas têm a capacidade fantástica de evocar memórias há muito perdidas dos cantos mais sombrios de nossas mentes.  

Mas o que acontece quando há acomodação olfativa? Esse termo é conhecido também como anosmia.  

Trata-se de uma perda temporária ou permanente do olfato. Sentimos o cheiro por meio de moléculas presas em nosso nariz e, em seguida, as informações delas são enviadas ao cérebro por meio de certos sensores. 

 Quando esses sensores são bloqueados, perdemos o olfato. Em casos extremos, isso pode ser devido a danos nos nervos, diabetes ou traumatismo craniano.  

Mas também pode ser temporariamente causado por nariz entupido, vírus ou alergias. A reação alérgica causada pela febre do feno, por exemplo, leva à inflamação da mucosa nasal, o que limita o olfato.  

A idade também é uma causa da anosmia. Assim como nossa audição e visão se deterioram com o tempo, o mesmo ocorre com a percepção olfativa. 

Perder o olfato pode ser perturbador e muitas vezes frustrante, pois você pode perder experiências cotidianas, como cheirar flores ou aromas.  

Portanto, isso atrapalha também a sentir o cheiro de perfumes incríveis. Então, como você escolhe um perfume quando não consegue sentir o aroma? Nesse caso, o recomendado é trazer um amigo ou familiar para explicar o cheiro para você.  

Eles podem recomendar o que acreditam que é ideal para você, de acordo com o seus gostos e sua personalidade.  

Acomodação olfativa no caso dos perfumes 

Entender por que temos mais afinidades com alguns perfumes é interessante, mas é preciso se atentar para que o uso recorrente da mesma fragrância não cause acomodação olfativa. 

Como dito anteriormente, a anosmia é uma doença que pode se manifestar de forma total ou parcial.  

Já no caso dos perfumes, a acomodação olfativa acontece quando você se acostuma com uma determinada fragrância. Então, você passa a senti-la com menos intensidade. 

Nessas situações, a acomodação olfativa não é necessariamente uma doença. É basicamente uma resposta do nosso olfato a determinados aromas e circunstâncias. 

Se você trabalhar em uma floricultura, por exemplo, muito provavelmente não sentirá o aroma das flores com a mesma intensidade que outras pessoas.  

Portanto, nosso organismo se adapta a diferentes situações. Para não deixar de sentir o aroma de sua fragrância preferida, uma saída é variar o uso de diferentes perfumes. 

Desse modo, você evita que seu olfato se acostume apenas com aquele aroma e, consequentemente, você o sinta com menos intensidade. 

Porque temos mais afinidades com alguns perfumes? 

O olfato humano pode distinguir uma infinidade de aromas diferentes. Alguns são geralmente mais populares do que outros, como sabores frutados ou florais.  

Isso orienta logicamente a escolha dos compostos a serem incorporados em um perfume. Mesmo assim, os pesquisadores investigam também se apenas um ingrediente entre todos os outros é suficiente para chamar a atenção de quem usa o perfume. 

Para alguns estudiosos da área, a preferência observada por perfumes em relação a outros poderia ser devido à evolução da espécie.  

Caçadores e coletores tinham um interesse particular em serem atraídos por aromas de frutas ou flores e em evitar odores que indicassem riscos à saúde.  

Para outros, o ser humano não está predisposto a apreciar certos cheiros e é significativamente influenciado por fatores socioculturais. 

E por que temos mais afinidades com alguns perfumes de acordo com o gênero? Pesquisas em psicologia e sociologia das fragrâncias já mostraram que há uma diferença olfativa entre homens e mulheres.  

Os homens costumam comprar perfume para criar uma presença, para atrair mulheres ou para agradar à mulher que lhes deu o perfume em questão. 

Por sua vez, a escolha das mulheres seria influenciada por vários outros fatores, incluindo humor no momento da compra, personalidade, imagem e popularidade dos perfumes na sociedade ou ao seu redor.  

Costuma-se associar, por exemplo, baunilha ou flores a um caráter feminino, enquanto os amadeirados estão mais presentes nas fragrâncias masculinas. Tudo isso, porém, pode ser uma distinção cultural. 

Além disso, atletas preferem fragrâncias com aromas frescos e leves, enquanto aqueles que se autodenominam extravagantes preferem aromas fortes e orientais. 

Outro ponto a considerar é que os alimentos que consumimos, o clima da região em que vivemos e tipo de pele também influenciam na escolha do perfume. 

Portanto, o perfume é uma mensagem subjetiva, mas está associada a diversos fatores que nos rodeiam.  

Para concluir, o mais importante é que,  quando as moléculas de cheiro alcançam os receptores nasais, elas na verdade desencadeiam respostas emocionais, refletindo uma memória, que pode ser feliz, nostálgica, entre outras.  

Espero que este conteúdo tenha sido útil! 

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